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Mensagens

A mostrar mensagens de 2016

Mil Tormentas, Tony Sandoval (2015)

"Sou uma alma que vagueia desde o início dos tempos. O meu povo confundiu-te comigo. Agora, volta para casa, para cumprires o teu destino. Saúdo-te, Lisa! Anjo e Demónio..."  Assim se pode ler na capa do livro de banda desenhada " Mil Tormentas ", do mexicano Tony Sandoval, lançado em abril de 2015, pela Kingpin Books.  Lisa é uma menina muito recatada e que aprecia a sua própria companhia. Entre as rotinas diárias e de casa, tem como principal passatempo colecionar objetos que lhe surjam diferentes e lhe pareçam interessantes, hobby esse que lhe permite passar muito tempo sozinha enquanto procura por tais relíquias.  Um dia, enquanto procura, Lisa entra numa realidade paralela, que até então era invisível e se encontra repleta de criaturas magico-demoníacas.  (excerto das ilustrações do livro) Após levar para a sua coleção um objeto desse outro mundo, Lisa abre uma porta pela qual os monstros poderão passar para recuperar o que é seu.  Lad

Os Olhos de minha Mãe (2016)

The Eyes Of My Mother (2016)  é um filme de horror da autoria de  Nicolas Pesce  que conta a história de uma família que vive numa zona rural isolada da comunidade. A protagonista, Francisca, é interpretada pela atriz portuguesa  Kika Magalhães  que se tem começado a distinguir por participações internacionais em filmes independentes.  Diana Agostini interpreta a mãe de Francisca, que treinou cirurgia humana em Portugal. Agora, isolada num qualquer campo estrangeiro, continua a sua pratica em bovinos, especialmente dedicada aos olhos destes animais. Francisca desde pequena que acompanha o processo. Sozinha e sem vizinhos ou amigos próximos, vive os seus dias pelo campo e a ajudar a sua mãe. Após uma grave tragédia que a leva a ficar sem os seus progenitores, Francisca tem de viver naquele isolamento, desenvolvendo uma personalidade que tem tanto de sensível e frágil como de psicopata e inconsciente.  A estética do filme, toda trabalhada a preto e branco, torna o filme

Black Mirror s03e01: Nosedive

" Nosedive " é o primeiro de seis episódios que se estrearam no dia 21 de Outubro na terceira season de Black Mirror (2011).  O episódio conta a história de uma rapariga que, num futuro completamente controlado pela maneira como as pessoas se avaliam umas às outras nas redes sociais, tenta manter e aumentar os seus pontos enquanto se prepara para o casamento da sua mais antiga amiga de infância, com quem não se relaciona há imenso tempo.  Neste futuro hipotético todos os benefícios sociais são concedidos em função da cotação de cada pessoa. Por exemplo, é mais provável que um indivíduo cotado em 4.8 tenha acesso a um crédito bancário ou a um bom emprego do que um cotado em 4. Se por um lado isto nos parece estapafúrdio e exagerado, por outro torna visível muitas das subtilezas já presentes na nossa sociedade, em que poder e influência são fatores invisíveis de sucesso. Além disso, torna também visível muita da discriminação social e racial, que muitas vezes

Doctor Strange (2016)

Dia 27 de Outubro foi a vez de o  Doutor Estranho  se estrear no cinema. Pessoalmente, pouco conhecia deste herói da Marvel. Steven Vicent Strange é um neurocirurgião bem sucedido obcecado por desvendar os segredos da morte, numa tentativa incessante de conquistar a vida. Um génio arrogante, com um je ne sais quoi de cómico-convencido. Porém, quando é vítima de um acidente de carro e perde o controlo das suas mãos, afetadas por tremores, vê a vida abalada e tudo o que tinha até então como certo, questionado. Após várias tentativas de que colegas neurocirurgiões arriscassem tratamentos experimentais, Strange perde a esperança numa cura medicinal e ganha conhecimento da existência de uma Anciã,  residente do Tibete. É para lá que Steven Strange viaja, investindo as suas últimas poupanças. Na esperança de poder superar as suas limitações, Strange, um céptico, embarca numa aprendizagem espiritual, rica em filosofia e magia, domínios completamente opostos ao conhecimento cien

Find your words: campanha de sensibilização sobre a depressão encoraja à expressão

"Find Your Words" é a campanha da Kaiser Permanente que pretende suavizar o estigma em volta da depressão. Através do incentivo à palavra, seja numa conversa, num pedido de ajuda, ou num poema, (como mostra o vídeo da apresentação da campanha) foca na importância de se falar e se reconhecer os sintomas da doença, uma vez que é uma das doenças que afeta hoje milhões e se torna ainda demasiado privada. O vídeo de apresentação desenrola-se com um adolescente a recitar um excerto de uma letra da música "I" de Kendrick Lamar, artista que esteve no dia 16 de Julho deste ano no Super Bock Super Rock, em Lisboa. Começa logo com a questão: "What you gonna do?/Lift up your head and keep moving?/Or let the paranoia haunt you?" https://findyourwords.org/welcome Felizmente tive a oportunidade de ir ver o concerto de Kendrick Lamar, um artista de hip hop de extrema qualidade lírica e belíssimo flow, que se apresenta com uma banda composta por excelente

Leonard Cohen "You Want It Darker" por Paul Kalkbrenner

É difícil superar uma música que contém em si toda a emoção e mestria que necessita, com um remix. É o caso do novo remix de Paul Kalkbrenner à mais recente música de Leonard Cohen "You Want It Darker": não supera, mas recria. Apesar de a música original transmitir uma emoção muito mais forte e uma sensação de elevação muito mais épica, acho que o remix feito pelo produtor alemão não falha no seu objetivo: torna um clássico numa música de dança. A versão original tem um crescendo muito mais espiritual, seja através das linhas de baixo, dos coros, ou da própria voz, que fica muito aquém no remix, onde muita da música é anulada, pois substitui a progressão por loops. Além disso toda a orgânica é abafada por sons sintéticos, ficando a voz do cantor em segundo plano. Ainda assim, sendo uma característica normal nas músicas de dança, onde o instrumental sobressaí em relação ao resto, penso que ambas funcionam bem nos seus diferentes ambientes. Remix Original

Girl Power: As infinitas expressões da beleza feminina

Recentemente descobri na i-D uma nova vaga de séries que está a ser lançada e que explora perspectivas diferentes sobre o que é ser feminina, o que é a beleza feminina, até onde já se têm puxado os limites da liberdade de expressão das mulheres e até onde estes podem evoluir.  Por entre muitas dificuldades e preconceitos inevitáveis, movimentos surgem em todo o mundo a quebrar paredes e desmistificar o ideal massivo de como as mulheres devem parecer e ser, a insurgir-se contra uma cultura dominante que não é nem deve ser uma única opção.  A discussão de tópicos como a menstruação, a exibição e experiência do próprio corpo, o estilo e a própria maneira de ser e existir (em privado e na sociedade) mostram que a luta por uma vida mais autêntica e capaz de satisfazer a individualidade de cada uma é uma realidade que fervilha.  A coragem destas mulheres em afirmarem a sua individualidade feminina e criativa através de formas que seriam consideradas menos desejáveis ou até ma

The art of being yourself | Caroline McHugh | TEDxMiltonKeynesWomen

Caroline McHugh é fundadora e chefe do movimento IDOLOGY ( http://idology.eu/ ), dedicado a ajudar indivíduos e companhias a desenvolverem-se através da autenticidade e originalidade. Nesta TED Talk, "The Art Of Being Yourself", ela fala-nos do quão importante é conhecermo-nos para atingirmos realização pessoal; sendo a nossa missão enquanto seres humanos sermos cada vez mais nós próprios e sermos cada vez melhores nessa tarefa.  Através de conceitos de psicologia, de exemplos de artistas e de outros humanos, desconstrói o mito de que a realização só pode ser atingida quando dois ou mais elementos são comparados, distinguindo os complexos de inferioridade e superioridade,  ambos provas de fragilidades do ego e apresentando o complexo de interioridade como alternativa. Afinal, se cada um de nós é um aglomerado singular de experiências, sonhos, ambições e desejos diferentes, como pode a comparação ser a solução?

Miss Peregrine's Home for Peculiar Children (2016)

Miss Peregrine's Home for Peculiar Children (2016) é o mais recente filme do gigante da fantasia Tim Burton. Estreou ontem nos cinemas portugueses e felizmente já o fui ver. A ansiedade que antecipou o filme deveu-se a vários factores: uma promessa de um filme do género de fantasia com uma narrativa interessante, personagens bem trabalhadas e diversificadas, atores de renome, bons efeitos especiais, entre outros. São poucos os filmes do género que realmente me caçam a atenção, por isso quando se antecipa um possível sucesso fico sempre entusiasmada.   O filme respondeu e talvez até mesmo superou às expectativas. Jake (personagem principal) é um rapaz que, após perder o avó, embarca numa descoberta de todo um mundo paralelo que conhecia das histórias que o mesmo lhe contava desde a infância, mas no qual tinha deixado de acreditar à medida que crescia. Enquanto tenta recuperar do trauma a sua vida muda quando se entrelaça com outros destinos e desafios.  Jake é interpret

Sleeping Beauty (2011)

Só na segunda tentativa consegui terminar Sleeping Beauty (2011) da realizadora Julia Leigh. Devido ao seu ritmo lento e mood melancólico, adicionados a uma narrativa que explora um tema difícil, a prostituição na vida de uma jovem estudante, foi preciso mais do que a procura de simples entretenimento para acabar o filme. A australiana Emily Browning interpreta Lucy, figura central da história. Uma personagem que vive uma vida enfadonha, sem grandes acontecimentos a nível pessoal, enquanto estuda, trabalha num bar e num escritório e fornece um tipo de serviço sexual pouco comum.  O filme apresenta-nos um mundo secreto, de desejos carnais, entrando na mais íntima existência de suposto membros de elite. Num universo luxuoso, mostra a debilidade sexual de homens idosos e poderosos, contrastando o sucesso social e o inevitável envelhecimento humano. Em contraste, a vida de uma jovem supostamente insignificante, que se torna vital para esses homens. Também, a exploração de r

A arte, a ciência e a imaginação: Danielle Feinberg no mundo da Pixar

Danielle Feinberg é diretora de fotografia da Pixar Animation Studios. Começou a sua carreira em 1997 com o filme "A Bug's Life", trabalhando também em "Toy Story 2", "Monsters, Inc.", "Finding Nemo", "The Incredibles", "Ratatouille", "WALL-E" e "Brave". Nesta TED Talk Feinberg conta um pouco do seu percurso: do desejo de infância de ser artista, ao desejo adolescente de ser cientista, até encontrar o ponto de equilíbrio entre essas áreas. Hoje, a artista combina as áreas de conhecimento, usando  os computadores, a tecnologia e o código para a criação de mundos imaginários, nomeadamente através de técnicas de iluminação em filmes de animação. Uma talk inspiradora que nos incentiva a seguir os nossos sonhos:

Boom Festival: um lugar de encontro entre o corpo, a mente e o espírito

O ano de 2016 data o ano em que, ao fim de muito tempo, realizei uma das missões que já há muito me tinha proposto: ir ao Boom Festival. Um festival sobre futuro, paz, sustentabilidade, harmonia, encontro e esperança numa realidade mais equilibrada do que aquela a que somos expostos diariamente no mundo considerado evoluído e urbanizado. A edição deste ano foi marcada pela homenagem ao Shamanismo, apelando à cura do planeta da terra e à  ligação do ser humano com a natureza. Houve espaço para muitas surpresas durante os 7 dias em que o Boom se realizou. Desde de logo, a maneira incrível como o espaço é utilizado, criando na herdade um recinto que junta as mais variadas áreas artísticas e de conhecimento. Os espaços principais de música, o Dance Temple com sonoridades trance, o Alchemy Circle com sonoridades techno e o Chill Out com sonoridades mais relaxantes, vivem em construções arquitetónicas que homenageiam o psicadelismo. Os dois primeiros, de dia ricos em cores e formas o

Green Room: O culto, a realidade e a violência

Green Room (2015), escrito e realizado por Jeremy Saulnier, é um filme de enorme violência gráfica e moral. Quando uma banda de punk rock vai tocar a um isolado bar de neo-nazis, assiste a um homicídio que despoleta a noite mais horrorosa de todos os intervenientes. O filme é acompanhado de uma banda sonora punk e são feitas imensas referências a nomes importantes da cena dos anos 70 e 80. Toda a iluminação do filme nos transporta para um ambiente negro onde o desespero, o medo e o instinto de sobrevivência reinam. É um filme que apesar de poder ferir os olhos e as mentes mais sensíveis induz, mesmo por detrás de todo o horror facilmente apreendido, uma reflexão sobre a dicotomia do espírito: o bom, o mau; o obediente, o insurgente, o violento, o dócil, o fiel. Fá-lo em circunstâncias extremas e com detalhes que criam a ilusão de banalidade, tornando tudo muito natural, muito credível. Neste filme de horror não são os monstros que assustam, não são seres sobrenaturais que nunca

Milhões de Festa 2016, Barcelos

De 21 a 24 de Julho Barcelos ganhou vida com a já incontornável edição anual do festival Milhões de Festa. Como é normal nos cartazes que a organização apresenta, grande parte dos nomes a tocar nos três palcos disponíveis eram-me desconhecidos (gosto sempre de ir às cegas para este festival, sem grandes pesquisas no youtube ou conversas sobre os artistas). Todos os dias apresentaram surpresas sonoras que vão de certo ajudar a alimentar os próximos 365 dias. Dou destaque aos concertos de Sons of Kemet, Goat, Gaika, Bixiga 70, Islam Chipsy e Ho99o9. Fica um pequeno resumo destes 3 dias de diversão:

"James White": um retrato cru da vida de um jovem angustiado

“James White” (2015) envolve-nos na vida atribulada de um jovem adulto na casa dos 20 e tal anos. Após a morte de seu pai James tem de lidar com o reaparecimento do cancro de sua mãe, ao mesmo tempo que luta com os comportamentos auto destrutivos que surgem da negação dos seus sentimentos. O filme parte de uma narrativa realista com a qual nos podemos facilmente identificar, uma vez que a história trata a vida de um jovem urbano com problemas marcadamente contemporâneos: a rejeição do crescimento e das responsabilidades a ele implícitas, usando como refúgio o abuso de álcool e drogas, o excesso de vida noturna e a violência. Apesar de ser uma narrativa aparentemente simples é tratada de forma elegante, tornando o filme numa experiência digna dos 85 minutos que preenche. “James White” é a primeira longa-metragem realizada por Josh Mond, já conhecido pelas curtas “Kids in Love” (2010) e “1009” (2013), e conta com a participação dos atores Christopher Aboot (James), Cynthi

The Conjuring 2: Review

Terça-feira foi dia de cinema.  Na ementa veio o "The Conjuring 2 -  A evocação"  do realizador australiano James Wan (já conhecido no mundo dos filmes de terror pela sua participação na produção da saga "Saw" e pelo filme que deu origem a esta sequela, entre outros).     Recentemente vi "The Conjuring" (2013) e fiquei surpreendida pela positiva. Deixando o debate sobre a veracidade da realidade sobrenatural para outros,  ambos os filmes se baseiam em histórias verídicas. Vera Farmiga e Patrick Wilson interpretam Lorraine e Ed  Warren,  um casal de investigadores paranormais que dedicou a sua vida a estudar demonologia,  Ed como autor e Lorraine como medium. O filme surpreendeu-me pela maneira como consegue abordar a história, com uma narrativa bem fundamentada e construída, que não estou habituada a ver frequentemente em filmes do género, associando sempre momentos de medo e de terror pouco previsíveis.   Porém, "The Conjuring 2" c

Penny Dreadful: a melhor série que ninguém fala (SPOILERZÃO)

Penny Dreadful (2014-2016) é uma das melhores séries que tive a oportunidade de assistir recentemente. Com uma participação excepcional da atriz Eva Green, no papel de uma católica devota que luta com todas as suas forças contra os seres demoníacos que assombram o habitat humano, a atriz interpreta na sua personagem a extrema luz e a extrema escuridão. Vanessa Ives, personagem a quem Eva Green dá vida nesta série de 27 episódios, é alvo de disputa tanto por Drácula como Lucifer, criaturas que querem governar a terra imersa em escuridão a seu lado.  Criado por Josh Logan, todo o universo nos transporta para o romantismo presente na época. Seja pela linguagem cuidadosamente usada e preenchida por poesia, momentos religiosos e filosóficos, seja pela própria poética visual, com imagens sublimes de belíssima composição.  O enredo passa-se em Londres na época vitoriana e dá vida a muitas personagens de ficção gótica. Sir Malcolm Murray (Timothy Dalton), Ethan Chandler (Jos

Documentário Tecla Tónica em Barcelos

Na quarta feira foi apresentado o Documentário  Tecla Tónica  no Teatro Gil Vicente, em Barcelos, pela mão da  ZOOM . Um documentário que explora a realidade ainda pouco conhecida do crescimento da música eletrónica em Portugal, desde os primeiros sintetizadores no país à loucura das pistas de dança. Recomendado.