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Women Make Film: A New Road Movie Through Cinema

"Women Make Film: A New Road Movie Through Cinema" é uma série documental de 2018 realizada pelo cineasta britânico Mark Cousins. Com 14 horas de duração divididas em 14 episódios, a série apresenta a história do cinema sob a perspectiva de mulheres cineastas, abordando técnicas e estilos cinematográficos através de cenas de mais de 700 filmes realizados por mulheres, ao longo de 13 décadas e de diversos países.   Narrado por atrizes como Tilda Swinton, Jane Fonda e Adjoa Andoh, "Women Make Film" não segue uma abordagem tradicional baseada em biografias, mas sim um método temático, explorando como as diretoras abordaram aspetos do cinema como a narrativa, a introdução de personagens, a montagem, a cor e o som. A obra destaca cineastas menos conhecidas do público geral, revelando a riqueza e diversidade da contribuição feminina ao cinema, com a inclusão de atores portugueses e atrizes portuguesas em algumas das produções.   Cada episódio foca em diferente...

Malcolm & Marie (2021) O cinema reinventado em tempos de pandemia

Pelas mãos do realizador Sam Levison, também responsável pela criação da série "Euphoria" (2019), da HBO, chega à Netflix o seu novo filme, "Malcolm & Marie" (2021). O filme tem vários aspetos interessantes, um deles sendo óbvio, a adaptação da produção cinematográfica em tempos de pandemia, isolamento e restrições. É também inspirado no evento real do realizador se ter esquecido de agradecer à sua mulher numa das suas estreias. O filme tem apenas dois atores, os protagonistas, Malcolm, interpretado por John David Washington, e Marie, interpretado por Zendaya, ambos com performances excelentes. Passa-se todo dentro de uma casa, quando o casal chega da estreia de sucesso do filme de Malcolm e entra numa espiral de emoções que revela os segredos da sua relação.  Toda a estética do filme impõe um glamour que evoca os anos 20, e a época dourada de Hollywood, transmitida também pela cor em preto e branco. No entanto, à medida que as barreiras emocionais do casal se v...

Once Upon a Time in Hollywood (2019) de Quentin Tarantino

Quentin Tarantino está de volta e o esquadrão é nada mais nada menos do que Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie. "Once Upon a Time in Hollywood" reconta os terríveis eventos que levaram à morte da atriz Sharon Tate, assassinada por membros da Manson Family, o culto liderado por Charles Manson, em tons de conto de fadas onde os finais felizes acontecem. É sem dúvida uma ode a Hollywood, a fábrica de sonhos moderna por excelência que Tarantino tanto ama. Leo DiCaprio dá corpo a Rick Dalton, uma personagem fictícia que é um ator em plena crise existencial à medida que se tenta adaptar ao fim da época dourada de Hollywood, nos finais da década de 60, e dar o derradeiro salto da TV para o cinema. Brad Pitt interpreta Cliff Booth, personagem também fictícia, que é o duplo de Rock Dalton.  Margot Robbie é Sharon Tate. A crise de Rick representa em parte a mudança cultural da altura em que a televisão e o cinema passaram para uma fase muito mais violenta. Viol...

Rocketman (2019): a musicalidade de Elton John trazida ao cinema

Rocketman (2019) de Dexter Fletcher,  mostra-se com uma criatividade e energia adequada à personalidade que retrata. Se afirmo que a musicalidade de Elton John foi trazida ao cinema, é porque cenas de dança e canto preenchem de fantasia este filme, que conta a vida de Reginald Dwight, mais tarde tornado famoso pelo seu pseudónimo, Elton John. Sob a forma de musical,  o filme é uma biografia pouco usual,  mas que funciona perfeitamente na mensagem e na vibe que quer passar. A escolha de Taron Egerton é a cereja no topo do bolo,  tendo o ator,  além de mostrado uma performance confiante,  cantado as músicas para o filme.  Assim, vemos, durante duas horas, o caminho do músico até ao estrelato e as dificuldades que enfrentou,  desde a infância até se tornar milionário e famoso,  tomando liberdades cronológicas para se aproximar da que é a visão do próprio Elton John da sua vida. Esta não é uma biografia inspirada apenas por factos, é largament...

The Fall (2006)

Realizado por Tarsem Singh e com argumento de Dan Gilroy e Nico Soultanakis,   "The Fall" (2006) é pura poesia e foca-se sobre o intímo humano,  a dor e a imaginação.  O filme situa-nos no início do séc XX,  num hospital local.  Alexandria (Catinca Untaru),  uma menina de 5 anos,  está lá internada,  em recuperação de um braço partido.  Enquanto vagueia pelo hospital,  conhece um outro paciente,  Roy (Lee Pace),  com quem cria uma estranha ligação. Nos seus serões juntos,  Roy,  cuja ocupação era ser duplo de cinema antes de ser internado devido a um acidente, e que sofre de depressão,  conta a Alexandria a história de 5 bandidos que têm de destronar um tirano na Índia. Se a história nos é mostrada pelos olhos inocentes da menina,  com muitos detalhes e cores vibrantes, para Roy é apenas um esquema para fazer com que criança assalte a sala dos medicamentos e lhe leve comprimidos de morfina, ...

Brexit: The Uncivil War (2019)

"Brexit: The Uncivil War" é o novo filme de James Graham e foca-se na personalidade do conselheiro e estrategista político Dominic Cummings, na preparação da campanha britânica para deixar a União Europeia. A performance é-nos dada por Benedict Cumberbatch e é, como sempre, brilhante.  Apesar da performance brilhante, o filme falha em dar-nos pormenores, enquanto apresenta um ritmo acelerado que deixa muito por explicar. Como os próprios eventos se desenvolveram na realidade, parece que muito do que levou ao resultado da votação final fica escondido entre linhas, numa situação política que ainda espera por revelar as suas consequências.  Um dos temas centrais é, no entanto, o uso da tecnologia e a imprevisibilidade que o seu uso ameaça nas campanhas políticas atuais. A estratégia de Cummings, aliado ao canadiano Zack Massingham, um dos fundadores da AggregateIQ, foi a de se focar no segmento da população que à partida não votaria,  resultando num resultado in...

Mary Queen Of Scots (2018) de Josie Rourke

Quando queremos falar de intrigas é difícil superar um bom drama histórico dedicado à realeza. Desde a caraterização aos maneirismos, costumes e extravagância, um número limitado de pessoas a viver numa corte, onde todas as outras cortes são amigas ou inimigas, é a conjuntura perfeita para enredos pessoais.  A história de Mary Stuart (Maria) não tem falta de representações no ecrã, seja no grande (" Mary Of Scotland" (1936), "Mary Queen Of Scots" (1971), "Mary Queen Of Scots" (2013) ), ou na televisão ("Gun powder, Treason & Plot" (2004) e "Reign" (2013) ). Além disso, não foras também poucas já as vezes que a história foi contada pela perspectiva da Rainha Elizabeth (Isabel) ( "Elizabeth" (1998), "Elizabeth - The Golden Age" (2007) ). Por isso, mesmo dada ao entusiasmo que inicialmente o trailer de "Mary Queen of Scots" (2018) me gerou, questionei desde logo o que mais poderia acrescentar.  ...

Pedro e Inês (2018)

"Pedro e Inês", de António Ferreira, adaptado do romance de Rosa Lobato de Faria "A Trança de Inês", não é um filme perfeito. Mas é sem dúvida um filme que abre a curiosidade sobre os caminhos que o cinema português pode trilhar. A história é das mais conhecidas da literatura nacional, porém é tratada de uma forma fresca e moderna que a reeinventa no nosso imaginário. O filme passa-se em três tempos principais, o passado, presente e futuro, ao que se adiciona um quarto, que é o futuro do tempo presente no qual se fecha a história desta linha narrativa. No passado, somos transportados à época medieval que deu origem ao romance. A caracterização do tempo e dos costumes está espetacular, com linguagem adequada, bastante acção e performances tão boas como as que conhecemos de imaginários idênticos a nível internacional. No presente, Pedro e Inês conhecem-se no gabinete de arquitectura do pai de Pedro, onde ambos trabalham, num cenário contemporâneo. ...

Alpha (2018)

Alpha (2018) é o novo filme de Albert Hughes (Menace II Society, entre outros) que estreou nos cinemas NOS a 30 de Agosto.  A história faz o relato da sobrevivência de um jovem, na europa de há 20.000 anos, quando se perde da sua tribo e tem de fazer uma longa viagem de regresso a casa.  Se há coisa de que o filme se pode gabar é de uma cinematografia belíssima, com cenas de paisagens naturais que variam largamente de tonalidades. Porém, no início, o ambiente em que a história decorre causa uma certa estranhesa. Primeiro, o dialeto com que os personagens falam é um desconhecido, ao que se junta o facto de existirem mesmo pouco diálogos. As falas neste filme servem mais como impulsionadoras de ação do que qualquer outra coisa. Sendo uma história que retrata a relação de um humano e um animal, o lobo, pode ter sido uma escolha consciente uma vez que a ambas as espécies não é possível o entendimento verbal. Mas não sendo muito usual e não sendo por vezes esse espaço preen...

Garden Of Words (2013) de Makoto Shinkai

Foi com o seu mais recente filme, Your Name (2016), que fui introduzida à filmografia de Makoto Shinkai, que despertou curiosidade suficiente para tentar conhecer as obras prévias do realizador. Assim cheguei a Garden Of Words (2013) uma animação de 45 minutos que conta a história de Takao Akizuki um estudante japonês de 15 anos, aluno do ensino secundário cuja paixão é a de fazer sapatos. Takao encontra-se na transição da adolescência para a idade adulta, cheio de receios e ansiedades sobre o que futuro lhe guardará. E são essas incertezas que o fazem ficar fascinado por Yukari, uma rapariga mais velha e misteriosa com quem se encontra regularmente ao abrigar-se da chuva no jardim nacional de Shinjuku Gyon.   Se a ilustração de Your Name (2016) se provou lindíssima e digna de vários quadros, Garden Of Words (2013) não lhe fica atrás. Cores e contrastes fortes entre tons quentes e frios, light leaks que dão um ar etéreo a cada imagem, planos de detalhe que nos c...

"A Quiet Place" (2018)

Este domingo foi dia de cinema.  O filme,  já há muito aguardado,  foi o "A Quiet Place", realizado por John Krasinski,  mais conhecido por atuações em filmes e séries televisivas de comédia. O filme insere-se no género de horror e ficção científica e consegue fazer-se sobressair de tudo o que tenho visto recentemente.  A história narra a tentativa de sobrevivência de uma família quando o mundo se encontra invadido por monstros predadores que caçam através do som. É um cenário de cataclismo onde toda a noção de sociedade como a conhecemos está suspensa e a regra de ordem é o silêncio. Só na ausência de barulho é possível passar-se despercebido às criaturas horrendas que não apresentam fraquezas aparentes e se tornam, por isso, impossíveis de combater.  Nos primeiros momentos do filme ficamos com a sensação de voltar à era do cinema mudo,   onde só o som ambiente e a música marcam presença nos nossos ouvidos. Aliás,  essa sensação...