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A mostrar mensagens de 2021

Kena: Bridge of Spirits (2021) da Ember Lab

Kena: Bridge of Spirits é o primeiro jogo desenvolvido pela Ember Lab e, na minha opinião, um sucesso. É um jogo de ação-aventura, guiado pela narrativa, que combina a resolução de puzzles e combates com um cenário idílico e uma banda sonora maravilhosa. Kena é uma jovem guia espiritual que viaja à vila abandonada em busca de um templo sagrado. Enquanto isso luta para descobrir os segredos desta comunidade abandonada numa floresta em que espíritos se encontram presos. A aventura de Kena é acompanhada pelos seus companheiros ROT, tímidas criaturas que estão espalhadas pela floresta. Ao coleccioná-las, Kena ganha a habilidade de restaurar e manter o equilíbrio da floresta, decompondo elementos corruptos.  A narrativa do jogo agradou-me imenso, por toda a envolvência espiritual, mística e tribal. O combate tem um ritmo rápido e permite que, à medida que o jogo avança e se ganha pontos de Karma, se desbloqueiem habilidades, tanto de Kena, como dos seus companheiros. Iniciamente a arma prin

Marvel's Spider-Man: Miles Morales

  Quando joguei pela primeira vez o jogo Spider Man (2018) , da Marvel, para a Ps4, não consegui esconder o meu entusiasmo, tanto foi o divertimento da experiência. Passados dois anos volto ao universo para entrar numa nova aventura com Miles Morales, que fica responsável por defender Nova Iorque enquanto Peter Parker deixa a cidade para visitar Symkaria. Este segundo jogo é uma expansão do primeiro e a narrativa inicia uma ano após o fim da história em que Miles foi mordido por uma aranha e ganhou poderes semelhantes ao de Parker. Após um ano de treino o novato tem de aprender a equilibrar os deveres de civil e super herói enquanto tenta travar uma guerra em Harlem, que está ameaçada pelos conflitos entre a Roxxon Energy Corporation e o exército criminoso de alta tecnologia do Tinkerer, o Underground. A nível de jogabilidade a experiência é muito semelhante ao primeiro jogo, com vários combos disponiveis para combate, assim como desenvolvimento da personagem através do desbloqueio de

100 foot wave: A Grande Onda da Nazaré, da HBO

  Produzida pela HBO e filmada maioritariamente na Nazaré, em Portugal, "100 Foot Wave" (2021) mostra como os pioneiros surfistas de ondas gigantes descobriram as ondas da Nazaré e tornaram a vila num local de referência de surf mundial. A série documental conta com 7 episódios de cerca de uma hora cada, que mostram o desenvolvimento decorrido na vila desde de 2010 até hoje. A personalidade central é obviamente Garret Macnamara, por ter sido o impulsionador de todo o hype que hoje se vive à volta do fenómeno, e toda a sua jornada em busca das condições perfeitas para surfar a mítica onda de 30 metros. Mas muitos outros surfistas importantes, homens e mulheres, marcam presença, como é o caso da recordista mundial Maya Gabeira e Justine Dupont. A série explora em considerável profundidade o que leva estes atletas a enfrentarem condições tão extremas na procura da conquista da maior onda. 

Não Consegues Criar o Mundo Duas Vezes (2017)

     O documentário já é de 2017 mas só agora tive a disponibilidade para o visualizar. Pelas mão de Catarina David e Francisco Noronha, "Não Consegues Criar o Mundo Duas Vezes" decorre durante 2h35 e segue a história da evolução do  Hip Hop Português no Norte do país, nomeadamente nos sítios onde começou por ter mais expressão, Porto e Gaia. O filme conta com entrevistas a alguns dos pioneiros do movimento e para quem segue o crescimento do hip hop tuga há vários anos, como é o meu caso, consegue-se perceber  que o documentário está bastante completo, com várias personalidades icónicas a dar testemunho e com variedade de perspectivas. Agradou-me o facto da exposição dos programas de rádio que tiveram influência na altura, numa época em que a internet não tinha ainda expressão e a difusão cultural era muito mais lenta. Também a menção a locais de culto como o antigo Hard Club, em Gaia, e a bandas como Dealema, Nokas, Sam The Kid, Berna, Matoozoo, Capicua e  M7, entre muitos o

Tough luck: accepting life’s unfairness will set you free. Uma talk sobre a responsabilidade

  Holly Mattews entrega nesta talk "Tough luck: accepting life's unfairness will set free" um ensaio sobre a responsabilidade que todos temos de procurar os momentos bons entre os eventos problemáticos nas nossas vidas. Fala do mito da justiça da vida, que é irremediavelmente injusta para todos, os que se consideram "bons" e os outros.  Propõe que a responsabilidade sobre a forma como olhamos os eventos traumáticos que sucedem é a solução para uma vida mais feliz, e aceitar que estes acontecem, não só a nós mas a todos, é o caminho para a clarividência e para superar a dor.  "What if the world was fair for everyone? What if you and I could create this wild utopia where everybody got everything that they wanted? What would that actually look like? Maybe only the evil people would get sick. That's sounds alright. We would all be beautiful (totally subjective) and everyone would always win (wha would mean none of us actually won). This insane world of fair

Riss: A Film About More Love (2020)

  O documentário Riss: A Film About More Love (2020) segue a surfista de 28 anos Carissa Moore, durante a tour do campeonato mundial de surf de 2019. Esteticamente o documentário é muito agradável, não só pela narração, cuja voz é agradável e o discurso irreverente, mas por toda a personalidade da surfista que cativa muito facilmente e é o foco do filme, realizado por Peter Hamblin, já veterano em produções do género desportivo.  A história divide-se em 3 tempos: passado, presente e futuro, e inclui entrevistas da infância da surfista, fotografias da sua vida, assim como filmagens do campeonato mundial de surf de 2019, em que ganhou o seu quarto título. O filme incluí filmagens de Iphone, 8mm e 35 mm. Além disso, o uso da animação, stop motion e cores fortes mostram o background do realizador em publicidade e traduzem a personalidade de Carissa, numa simbiose que funciona na perfeição.  Mais do que focar-se no aspeto competitivo da modalidade, que é também explorado, o documentário mos

Time (2021) da BBC com Sean Bean e Stephen Graham numa produção britânica de alta qualidade.

A produção britânica Time (2021) chega-nos pelas mãos da BBC e tem no papel principal Sean Bean, que sempre eleva a fasquia de qualquer produção, juntamente com Stephen Graham, que entrega também uma performance brilhante. No formato de mini-série, conta apenas com três episódios de cerca de 1h cada. A história segue Mark Cobden durante o cumprimento da sua pena de prisão. Logo no primeiro episódio somos apresentados a sua detenção, que vamos aos poucos descobrindo que é consequência de um homicídio não intencional por atropelamento em estado alcoólico. Mark é professor num secundário e até então os seus crimes cingiam-se ao consumo de álcool exagerado, condição que o levou a cometer o crime pelo qual é punido.  A série, que se enquadra no género de drama, foi escrita por Jimmy McGovern e realizada por Lewis Arnold.  A história é ficcional, mas apresenta a dura realidade das prisões inglesas e como quem lá entra saí (ou não chega a sair) muitas vezes mais deformado do ponto

Dota: Dragon's Blood (2021), baseado no MOBA Dota 2

Produzida pelo estudio sul coreano Studio Mir, responsável também por aclamadas séries de animação como Legend Of Korra (2012), Dota: Dragon's Blood é a nova série de fantasia épica baseada no vencedor de vários prémios Multiplayer Battle Arena Dota 2 (20113), desenvolvido pela Valve, que estreou na Netflix a 25 de março.  Visualmente a animação combina o estilo de anime e animação ocidental, numa estética que relembra a já lançada, em 2019, The Dragon Prince. As animações agradaram-me imenso assim como todo o enredo. A história, que se situa num mundo de fantasia, segue o cavaleiro caçador de dragões Davion, cuja alma se merge com a de um dragão, numa batalha entre dragões e demónios. Juntamente com a princesa da lua Mirana, Davion tenta travar o demónio Terrorblade que quer exterminar os dragões e ficar com as suas almas.  Além disso, outra vilã foi muito bem conseguida, a deusa da lua Selemene, a quem todos servem mas que se revela uma deusa egocêntrica e fria, capaz de lançar u

Shadow & Bone (2021) traz fantasia com personagens e enredos bem construídos

      Shadow & Bone (2021) estreou a 23 de abril, na Netflix e conta com 8 episódios com narrativa inspirada nos livros da triologia Grisha, da escritora israelita Leigh Bardugo.   A série narra a história Alina Sharkov, uma cartógrafa num mundo divido pelo Fold, um território habitado por monstros pelo qual é necessário passar para realizar missões mercantis, numa produção young adult que se destaca com bastante mais qualidade que, por exemplo, Shannara Chronicles (2016) mas ainda assim não se equipara a Game of Thrones (2011) ou The Witcher (2019).   O objetivo, percebemos logo nos primeiros episódios, é abolir o território contaminado, para que o mundo se possa desenvolver com paz e prosperidade. A série conta com personagens femininas carismáticas fortes, como a própria personagem principal, a estilista da Rainha e de Alina que é uma das minhas preferidas, fazendo o deleite de qualquer vaidosa, ou ainda a mãe do antagonista. Estas personagens têm backstory e personalidades próp

The Heroine's Journey (1990) de Maureen Murdock

 Para quem estuda ou se interessa por narratologia o monomito de Joseph Campbell, também intitulado a Jornada do Herói, não vem como nada de novo. É a estrutura pela qual grande parte das narrativas de Hollywood se seguem, dando origem à narrativa de três atos a que tanto assistimos. No entanto, entre questionamentos da jornada do herói e da sua aplicabilidade para o género feminino, deparei-me com a estrutura desenhada por Maureen Murdock, que foi aluna de Joseph Campbell e seguiu de perto as histórias de dezenas de mulheres enquanto terapeuta. A então chamada Jornada da Heroína,  é uma adaptação da Jornada do Herói à existência feminina.  Abaixo podemos ver as fases de ambas estruturas e as suas diferenças:  Como podemos observar a Jornada da Heroína inicia-se logo com "Separação do Feminino". enquanto que na Jornada do Herói apenas temos o encontro com o feminino na sétima etapa, "O Encontro com a Deusa". Esta separação inicial parte do pressuposto que as duas av

I May Destroy You (2020)

Escrito por Michaela Coel e inspirada num episódio vivido pela própria, "I May Destroy You" (2020) conta a história da escritora de sucesso Arabella, cuja carreira se catapultou através dos posts publicados nas redes sociais, compilados num livro a pedido dos seus seguidores. Arabella está no caminho do sucesso, até que numa noite de copos e drogas tem um apagão. No dia seguinte tem uma ferida na cabeça , falta-lhe o telemóvel e tem apenas algumas memórias perturbadoras de uma suposta violação, que não sabe serem reais ou imaginadas. Após confirmação judicial de que foi abusada, Arabella entra num bloqueio criativo e numa espiral de auto descobrimento que lhe vai revelar muito sobre a sua vida.  A série explora o tema do abuso sexual de uma forma honesta e clara, sem tabus ou rodeios. Não só explora o abuso a membros do género feminino, mas do masculino também, fazendo notar as diferenças que ainda se fazem sentir no tratamento de uma e outra situação. Além disso e

Malcolm & Marie (2021) O cinema reinventado em tempos de pandemia

Pelas mãos do realizador Sam Levison, também responsável pela criação da série "Euphoria" (2019), da HBO, chega à Netflix o seu novo filme, "Malcolm & Marie" (2021). O filme tem vários aspetos interessantes, um deles sendo óbvio, a adaptação da produção cinematográfica em tempos de pandemia, isolamento e restrições. É também inspirado no evento real do realizador se ter esquecido de agradecer à sua mulher numa das suas estreias. O filme tem apenas dois atores, os protagonistas, Malcolm, interpretado por John David Washington, e Marie, interpretado por Zendaya, ambos com performances excelentes. Passa-se todo dentro de uma casa, quando o casal chega da estreia de sucesso do filme de Malcolm e entra numa espiral de emoções que revela os segredos da sua relação.  Toda a estética do filme impõe um glamour que evoca os anos 20, e a época dourada de Hollywood, transmitida também pela cor em preto e branco. No entanto, à medida que as barreiras emocionais do casal se v

Mulheres da Minha Alma (2020) Isabel Allende

"Cada ano vivido e cada ruga contam a minha história" Neste seu novo livro Isabel Allende faz uma reflexão sobre o facto de ser mulher, o feminismo,   o percurso que falta ainda percorrer para as mulheres e os nomes  daquelas que marcaram a sua vida. Os seus nomes são Panchita, sua mãe, Paula, a sua falecida filha, e a sua agente Carmen Balcells, mulheres que tiveram uma enorme influência na sua personalidade. Numa obra de não ficção escrita na primeira pessoa, a autora relata os acontecimentos que edificaram a sua visão e reflete sobre os seus significados, no presente.  Allende fá-lo, como sempre, numa escrita acessível e prazerosa, que transmite as suas ideias de uma forma suave a contínua. Compara as décadas da sua juventude à realidade atual pontuando as diferenças que se fazem sentir na evolução das nossas sociedades e de tantas outras falhas que faltam ainda corrigir. Assume-se como feminista desde pequenina, mesmo antes do conceito se ter disseminado no Chile e opõe-s

Pieces of a Woman (2020) e a beleza da simplicidade no cinema

Pieces Of a Woman (2020) é o mais recente filme da escritora húngara Kata Wéber e do realizador Kornél Mundruczó, que estreou no TIFF (Toronto International Film Festival) e está agora disponível na Netflix. Conta uma história pesada e realista que explora as repercussões que um parto dramático tem na vida da personagem principal, Martha Weiss. Martha é interpretada por Vanessa Kirby que nos entrega uma atuação brilhante e cheia de emoção. Shia LaBeouf interpreta o companheiro, Sean, com quem Martha luta para conviver após serem separados por um rio de dor. É um filme sobre dor, pontes caídas, relações destruídas e sobre a força que é necessária para enfrentar um trauma deste género, juntando novamente todas a peças da existência. Visualmente,  o filme é muito cru. Não só nas cenas iniciais do parto, em que podemos ver claramente a criança a sair da vagina da mãe, mas posteriormente também, não se inibindo de nudez. O ritmo do filme é lento mas nunca nos aborrece, fazendo-n

Promising Young Woman (2020)

Da realizadora Emerald Fennell, "Promising Young Woman" (2020) traz-nos um thriller que relembra por vezes "Gone Girl" (2014), num tom mais cómico e colorido. Carey Mulligan dá corpo e voz à personagem principal, Cassandra, numa atuação brilhante que vai da psicopatia à doçura sem tremer. A personagem assusta-nos e conquista-nos levando-nos de um extremo ao outro da personalidade humana. O filme começa num bar, com um grupo de homens a predar uma aparente mulher alcoolizada. Quando um deles a leva para casa, percebemos que a ela está consciente e à procura de vingança. Quem é o predador afinal ? Se no início temos uma personagem que nos parece bidimensional, que se vinga de homens na noite, atraindo-os para testar a sua personalidade e punindo-os quando se revelam imorais, a evolução da narrativa leva-nos aos poucos a querer saber mais dos motivos desta caça.  Pelo seu pequeno livro colorido, com a contagem de homens por com quem já esteve, percebemos que Cassandra