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Emily Wilde's Encyclopaedia of Faeries de Heather Fawcett

"The Encyclopaedia of Fairies" (título completo: Emily Wilde's Encyclopaedia of Fairies ) é um romance de fantasia escrito por Heather Fawcett. A história combina elementos de dark academia , mitologia das fadas e um toque de romance. Na narrativa, seguimos Emily Wilde, uma académica brilhante e solitária que se dedica ao estudo das fadas e criaturas feéricas. Ela viaja para uma remota vila na Noruega para documentar as fadas locais e completar a sua enciclopédia sobre o tema. No entanto, a sua pesquisa torna-se mais complicada quando o seu charmoso e enigmático colega, Wendell Bambleby, chega inesperadamente, perturbando a sua paz e a sua pesquisa. Enquanto Emily se envolve com os habitantes da vila e mergulha nos mistérios do folclore local, ela descobre que o mundo das fadas é mais perigoso do que imaginava. O livro mistura um tom académico e diário de campo com aventuras mágicas, criaturas encantadas e uma protagonista intelectualmente brilhante, mas socialmente de...

Americanah (2013) de Chimamanda Ngozi Adichie

Foi um pouco por sorte que me esbarrei com Chimamanda Ngozi Adichie e o seu belíssimo discurso "Todos devíamos ser feministas" . Não podia ter havido encontro mais feliz. Conquistada, passei à leitura do seu romance "Americanah" (2013) que explora em profundidade temas como a identidade, raça, género, amor, sexualidade e pertença, com uma honestidade brutal capaz de nos fazer rir e corar ao mesmo tempo. É um romance repleto de agência feminina e das mais detalhadas descrições e reflexões. Ifemelu é uma jovem nigeriana a estudar nos Estados Unidos da América. Moveu-se para lá devido à ditadura militar que se instalou no seu país, para estudar Comunicação. Mal se mudou para o novo país foi apresentada a um novo conceito, que apesar de não lhe dizer nada tem raízes profundas na sociedade em que se encontra. Na Nigéria não se pensa em raça. As pessoas dividem-se por classe, religião e género, mas a raça não é relevante, uma vez que quase toda a população é negr...

Philip K. Dick's Electric Dreams: os contos e os episódios da série televisiva

O meu primeiro contacto com Philip K. Dick foi recente. Como muitas vezes me acontece, foi através do cartaz da série televisiva que me despertou interesse. Mas não foi, no entanto, à série que me agarrei primeiro.  O livro "Philip K. Dick: Sonhos Eléctricos" (2018) foi publicado pela editora Relógio D'água após o lançamento da série televisiva homónima (2017), pela a Amazon Prime, e reúne os 10 contos do autor que deram origem aos seus episódios. A cada conto é feita uma introdução pelos escritores de cada episódio, explicando a adaptação e o impacto que cada peça tem para cada um.  A escrita de Philip K. Dick atira-nos sem medo para os seus universos, o que depois visualmente funciona muito bem. O autor assume que estamos inteirados do contexto e logo começa a elaborar. Uma vez que os temas que Dick trata fazem parte da própria essência do que é ser humano, isso acaba por não importar muito. Apesar da estranheza que é sentida face a seres extraterrestres ...

O caderno de Maya, de Isabel Allende (2013)

"O Caderno de Maya", de Isabel Allende, leva-nos na história da adolescência de Maya, uma rapariga de 19 anos que está a viver numa ilha remota do Chile, Chiloé, fugida do FBI, CIA e Interpol, além de um grupo de criminosos que a quer encontrar. Durante todo o livro somos encaminhados pelos eventos na primeira pessoa, enquanto Maya conta o que a levou a esta situação.  A narrativa na primeira pessoa faz com que nos sintamos constantemente parte da história. Maya está a contar-nos os seus problemas, a desabafar connosco. A mostrar-nos a sua dificuldade em lidar com a dor enquanto recupera de uma adolescência mais do que atribulada.  Maya vive em Berkley, tem ascendência chilena e dinamarquesa e foi criada com os seus avós. Até aos 16 anos, era uma menina perfeita. Era boa aluna e atlética, feliz nas amizades e no lar em que o amor do seu avô, o "Popo", era a base estruturante da sua vida. Até que o Popo fica doente e falece. Tamanha perda, juntamente com ...

Pedro e Inês (2018)

"Pedro e Inês", de António Ferreira, adaptado do romance de Rosa Lobato de Faria "A Trança de Inês", não é um filme perfeito. Mas é sem dúvida um filme que abre a curiosidade sobre os caminhos que o cinema português pode trilhar. A história é das mais conhecidas da literatura nacional, porém é tratada de uma forma fresca e moderna que a reeinventa no nosso imaginário. O filme passa-se em três tempos principais, o passado, presente e futuro, ao que se adiciona um quarto, que é o futuro do tempo presente no qual se fecha a história desta linha narrativa. No passado, somos transportados à época medieval que deu origem ao romance. A caracterização do tempo e dos costumes está espetacular, com linguagem adequada, bastante acção e performances tão boas como as que conhecemos de imaginários idênticos a nível internacional. No presente, Pedro e Inês conhecem-se no gabinete de arquitectura do pai de Pedro, onde ambos trabalham, num cenário contemporâneo. ...

"As Crónicas de Gelo e Fogo" I a X

A minha prateleira Finalmente concluí os dez volumes literários de as Crónicas de Gelo e Fogo. Se escrevo isto com um sentimento de dever cumprido e de satisfação também o escrevo com uma certa nostalgia que dá vontade de começar tudo de novo. Cada linha chama pela próxima, e cada momento nos impele a querer saber mais. G.R.R.Martin consegue uma complexidade de enredo notável. Por vezes é tão povoado que se torna mesmo complicado de seguir. Porém, e mesmo tendo uma quantidade absurda de personagens com fortes personalidades, há uma vincada hierarquia de importância que nos conduz por todas as relações. Essa distinção é desde logo feita pelos nomes dados aos capítulos, que são dedicados às personagens principais. Em vários momentos cada uma destas personagens se encontra em partes diferentes do mundo e tem por isso um contexto específico, com um ambiente e outras personagens que os rodeiam. Assim, não são poucas as vezes que se sente que não estamos perante apenas uma...

"As Crónicas de Gelo e Fogo" de G.R.R. Martin - Livro I e II

Não era sem tempo de começar a ler os livros de um dos meus universos de fantasia preferidos. Já tinha lido alguns outros livros do autor, como "O Dragão de Gelo" (1980) e "Histórias dos Sete Reinos" (2013) que,  apesar de pertencer ao mesmo universo,  tem lugar cerca de 100 anos antes da história cuja narração se inicia em "A Guerra dos Tronos". Mas é nas "Crónicas de Gelo e Fogo" de G. R. R. Martin que me perco completamente. Esta crítica refere-se à leitura do primeiro e segundo livros da saga,  os que consegui até agora completar.  Convém salientar que antes de ler o livro já sabia que linhas gerais da história esperar.  Como já mencionei no blogue,  já vi a série televisiva a que esta história dá corpo no mínimo 3 vezes,  na íntegra.  Sendo a ressaca já grande e sabendo que mais não ia descobrir com uma quarta visualização completa,  lembrei-me que existem 10 volumes literários cujas palavras me eram desconhecidas. De oit...

Beren e Lúthien de J. R. R. Tolkien

A história Beren e Lúthien é uma história de amor sublime, recheada de coragem e aventura, compromisso e aceitação. Neste livro, que nos apresenta a evolução da lenda de um amor gigante, somos apresentados a diversas versões. Numa primeira, Beren é um gnomo, termo usado para designar elfos inferiores, e numa segunda, é filho dos Homens. O que é constante é a controversa e difícil conquista da liberdade para amar entre Lúthien, cujo pai não aceita o amor a um ser inferior, e Beren, que se submete a perigosas aventuras para lhe provar o seu valor. Antes de mais, interessa saber que o livro, editado pelo filho do autor J. R. R. Tolkien, Christopher Tolkien, com agora 93 anos, conta a história que sempre serviu de reflexo à vida amorosa do autor. No seu túmulo e no da sua mulher, Edith, pode ler-se Beren e Lúthien em baixo dos seus nomes reais. É também a história original que se reflete no amor de Aragon e Arwen (que é descendente de Lúthien), em "O Senhor dos Anéis...

"The Handmaid's Tale": o livro e a série televisiva

Foi logo à data de estreia que a série televisiva "The Handmaid's Tale" me cativou, sendo desde então seguidora de tão ousada história. Baseada no livro homónimo de Margaret Atwood, que agora li, narra, na primeira pessoa, as vivências de uma criada, cuja missão é engravidar o maior numero de vezes, dentro do maior número de famílias possíveis, na distópica e ficcional sociedade Gilliad. É uma história  feminista que advoga os direitos das mulheres de uma forma dura e cruel, alertando-nos sobretudo para os perigos de fechar os olhos às injustiças que nos circundam.  A Gilliad, emergente de um grupo de fanáticos machistas (dos quais fazem parte homens e mulheres), é o supra sumo do patriarcardo. Surge, de forma dissimulada, como resposta ao permanente desgaste ambiental, poluição e excesso químico no planeta, do qual a população vê a sua fertilidade consideravelmente reduzida, ameaçando a continuidade da espécie humana.  As mulheres, confinadas a específicos...