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O caderno de Maya, de Isabel Allende (2013)


"O Caderno de Maya", de Isabel Allende, leva-nos na história da adolescência de Maya, uma rapariga de 19 anos que está a viver numa ilha remota do Chile, Chiloé, fugida do FBI, CIA e Interpol, além de um grupo de criminosos que a quer encontrar. Durante todo o livro somos encaminhados pelos eventos na primeira pessoa, enquanto Maya conta o que a levou a esta situação. 

A narrativa na primeira pessoa faz com que nos sintamos constantemente parte da história. Maya está a contar-nos os seus problemas, a desabafar connosco. A mostrar-nos a sua dificuldade em lidar com a dor enquanto recupera de uma adolescência mais do que atribulada. 

Maya vive em Berkley, tem ascendência chilena e dinamarquesa e foi criada com os seus avós. Até aos 16 anos, era uma menina perfeita. Era boa aluna e atlética, feliz nas amizades e no lar em que o amor do seu avô, o "Popo", era a base estruturante da sua vida. Até que o Popo fica doente e falece. Tamanha perda, juntamente com a depressão em que a sua avó, a destemida "Nini" enfrenta, lança Maya numa espiral de rebeldia que destrói a vida que até então conhecia e a conduz a um mundo de maus comportamentos, crimes, drogas e muito mais. 

Aos 17 e 18 anos, Maya é sem abrigo, viciada em drogas, correio de traficantes e totalmente desconectada do mundo normal. É quando se encontra às portas da morte que a sua Nini a encontra e a manda para Chiloé, um lugar pacato com uma população com cerca de 300 pessoas. A história acontece em dois tempos: em flashback pelos infortúnios de Maya e na sua temporada em Chiloé.

Durante todo o livro acedemos a várias perspetivas que se contrastam, desde as dos adultos às introspecções de Maya. Estas perspectivas vão se encontrando à medida que Maya cresce e amadurece. O mesmo acontece com os temas que criam o ambiente. Se no início Isabel Allende nos envolve em temas mais adolescentes, mais tarde passamos de dramas individuais a reflexões mais políticas, nomeadamente da situação política do Chile durante o regime de Pinochet, do qual foi vítima Manuel Arias, avô biológico de Maya que a recebe na ilha. 

É uma história cheia de carisma, rebeldia e afeto, decadência, laços familiares e reencontro.

Deixo uma palestra que Isabel Allende deu à data da publicação do livro, em que a autora fala sobre os motivos que a levaram à criação deste livro:


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