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Green Room: O culto, a realidade e a violência



Green Room (2015), escrito e realizado por Jeremy Saulnier, é um filme de enorme violência gráfica e moral. Quando uma banda de punk rock vai tocar a um isolado bar de neo-nazis, assiste a um homicídio que despoleta a noite mais horrorosa de todos os intervenientes. O filme é acompanhado de uma banda sonora punk e são feitas imensas referências a nomes importantes da cena dos anos 70 e 80. Toda a iluminação do filme nos transporta para um ambiente negro onde o desespero, o medo e o instinto de sobrevivência reinam. É um filme que apesar de poder ferir os olhos e as mentes mais sensíveis induz, mesmo por detrás de todo o horror facilmente apreendido, uma reflexão sobre a dicotomia do espírito: o bom, o mau; o obediente, o insurgente, o violento, o dócil, o fiel. Fá-lo em circunstâncias extremas e com detalhes que criam a ilusão de banalidade, tornando tudo muito natural, muito credível. Neste filme de horror não são os monstros que assustam, não são seres sobrenaturais que nunca vimos mas acreditamos que existem. São homens e mulheres, pessoas que cedem ao lado mais violento e tenebroso da sua humanidade, tornando todo o filme verdadeiramente assustador.


Anton Yelchin interpreta Pat, talvez o mais inocente de todos os membros da banda e demais presentes na ação do filme, cujo desenvolvimento psicológico se torna um dos aspetos mais interessantes. As escolhas e referências musicais dos personagens são também indicadores da maneira como a sua percepção da realidade se vai alterando ao longo da narrativa, ansiando inicialmente por violência e numa fase posterior por uma paisagem mais pacífica. Além do já mencionado Green Room ganha pela maneira como explora a crença fanática em cultos, assim como o proveito que é tirado dessa crença por terceiros. Recomenda-se.

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