Recentemente visualizei a nova série The Beast in Me (2025), com uma atuação brilhante da atriz Claire Danes. Após os curtos episódios, que deixam vontade de entrar mais a fundo na personagem e na sua maneira de ver o mundo, nada fazia mais sentido do que revisitar a personagem mais carismática da atriz — a agente da CIA Carrie Mathison — e a série Homeland (2011-2020). Ver Carrie após a conclusão de um doutoramento em representações femininas no cinema proporcionou-me uma perspetiva bastante diferente sobre a construção da personagem, revelando os elementos sociológicos e psicológicos que lhe conferem credibilidade e visceralidade. Carrie é uma underdog: uma agente exímia, com um instinto e uma capacidade de análise fora de série, mas que frequentemente se encontra nas margens do sistema — seja pela ferocidade com que defende a sua agência, seja pelas imposições das estruturas que a exploram e oprimem. Ao longo da história, a figura da “mulher louca” tem sido usada com...
Só neste último trimestre de 2025 cheguei às glórias de Riot Women, uma série da BBC criada por Sally Wainwright, que acompanha cinco mulheres de meia-idade de Hebden Bridge, em Yorkshire, que decidem formar uma banda punk. Sally Wainwright é também a autora da irreverente série televisiva de época Gentlemen Jack (2019) que já me tinha conquistado com a sua atitude desafiadora do status quo. Riot Women (2025) passa-se na contemporaneadade e retrata a vida de várias mulheres na casa dos 50 anos, em que todas vivem a experiência da menopausa e lidam com uma sensação de invisibilidade social. No meio do caos da vida com que se deparam, é através da música que começam a reencontrar a própria voz. A narrativa combina humor, drama e uma forte energia musical, explorando temas como saúde mental, envelhecimento, relações familiares, dependência e o peso das responsabilidades de cuidado. As protagonistas — interpretadas por Joanna Scanlan, Lorraine Ashbourne, Tamsin Greig, Amelia Bu...