Avançar para o conteúdo principal

A Plague Tale: Innocence (2019)

Ainda estavam a sair os primeiros  story trailers, já a produção de "A Plague Tale: Innocence" me estava a deixar doida. Situada temporalmente na época medieval, a história começa aquando da peste negra, em Paris, e segue Amicia e o seu irmão mais novo quando navegam um mundo infestado de ratos negros e malévolos e fogem da Inquisição. O jogo é de aventura/ação e é jogado na terceira pessoa, numa narrativa linear.
Foi desenvolvido pelo  estúdio francês Asobo Studio e lançado para Microsoft Windows, Ps4, e Xbox One. Eu joguei-o na Ps4, de forma partilhada, uma vez que o tempo é pouco e não há nada melhor do que experienciar um jogo de terror com o boy lá de casa. 

O jogo passa-se em Paris e reeinterpreta a obscura época da peste negra, em que entre um terço a metade da população europeia foi dizimada, e apresenta como ameaça montes e montes de ratos sem misericórdia pelo que lhes aparece à frente. A única coisa que temem é a luz.
A inspiração veio da realidade, da peste negra que veio da Asia, em 1347, através das moscas e ratos presentes nos navios dos comerciantes da Rota da Seda, até chegar à Europa. O jogo passa-se em 1348, porém todo qualquer resquício de realidade é extrapolada à medida que a narrativa avança e o que temos é um cenário de doença e peste, mas populado por milhões de ratos com personalidade e vontade próprias, dotados de cariz sobrenatural.

É uma realidade distópica demonstrada através de cenários grotescos mas nem por isso menos belos. 

Amicia de Rune é oriunda de uma família nobre, composta pelo seu pai, Robert de Rune, a sua mãe, Beatrice de Rune, e o irmão mais novo, Hugo, desde cedo confinado ao seu quarto devido a uma doença misteriosa, a Prima Macula. Carente da atenção da sua mãe, que dedica todo o seu tempo a Hugo, Amicia aventura-se pelos espaços da propriedade familiar, criando relações com o pai e com os criados, mal conhecendo o irmão e sentindo-se negligenciada pela mãe.

Beatrice de Rune cuida apenas de Hugo, capacitada pelos conhecimentos em alquimia que adquiriu do médico, Laurentius. 

Num dia como todos os outros, a Inquisição invade a propriedade dos De Rune, para levar Hugo e acabando por assassinar Robert e Beatrice. 

Os recém órfãos, em fuga pela sua vida, têm de encontrar Laurentius para os proteger, antes que a doença de Hugo se torne intratável. Os irmãos mal se conhecem e rapidamente têm de colaborar e confiar um no outro.
À medida que o fazem, têm de se esquivar de vários guardas da inquisição até que um estranho fenómeno se dá. Explosões de ratos vindos do subsolo infestam todas as áreas, e onde eles passam, nada sobrevive. Devido à sua vital aversão à luz, os ratos só se movimentam de noite.
Para se proteger a si e ao pequeno irmão, Amicia conta apenas com uma fisga, que costumava ser um brinquedo e se apresenta agora como a sua melhor chance de sobrevivência. A fisga permite distrair e combater os guardas da inquisição, assim como os ratos, pois à medida que o jogo avança novos personagens são inseridos e Amicia vai desenvolvendo técnicas de alquimia, que lhe permitem desenvolver fórmulas alquimicas para acender fogos e apagá-los, para assim contornar os ratos, exterminá-los e atraí-los, também como adormecer guardas ou fazer com que tirem a armadura, para se tornarem alvos mais fáceis.

Do ponto de vista da jogabilidade "A Plague Tale: Innocence" não é muito diversificado, mas vai adicionando combinações que o tornam suficientemente dinâmico para nos deixar usufrir dos ambientes, das personagens e da narrativa que são, sem dúvida, a pérola do jogo. É o caso de ter de recolher materiais para fazer alquimia e melhorar os equipamentos, de puzzles para guiar os ratos com recurso ao uso de fogo e luz, de despistar guardas e através de técnicas de combate ou stealth avançar no enredo.

No entanto, pode-se dizer que o forte são os personagens, a história e os ambientes desoladores que a integram. Capítulo a capítulo vamos assistindo ao desenvolvimento da relação de Amicia e Hugo, ao empoderamento destes dois frutos de uma família nobre que têm agora que se defender. Raramente aparecem amigos no seu atribulado percurso, a não ser aqueles que fazem parte da narrativa. De resto todos querem atacá-los e matá-los. Tudo isto acontece em quadros dignos de serem apreciados, cheios de detalhes nas texturas e na luz.

Além do mais, é certo que a tensão e a complexidade vão aumentando de forma gradual ao passo que o jogo avança, acompanhados pela banda sonora, num crescendo que nos encaminha para revelações e confrontos que mudam todo o enquadramento da história.


Comentários