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The Spanish Princess (2019)

Já aqui deixei os meus pensamentos em relação à série britânica "The White Queen" (2013),  à qual se seguiu "The White Princess" (2017).  Adorei ambas. Apesar de se apresentarem como séries independentes uma da outra,  na realidade dá-se continuidade à história,  sendo que a primeira retrata o conflito das Casas Lancaster e York, na Guerra das Rosas e na disputa pelo direito ao trono,  e a segunda retrata o início do fim desse conflito,  com o casamento de Elizabeth de York e Henry Tudor a juntar as duas casas.

The Spanish Princess (2019) mais uma vez assume-se como uma série independente mas não é senão a continuação do que nos narra a história,  sendo a protagonista Katherine of Aragon (Charlotte Hope),  princesa espanhola,  filha de Ferdinand II of Aragon e Isabel I de Castilla,  prometida em casamento desde infância a Arthur Tudor, filho primogénito de Elizabeth de York e Henry VII,  tendo em vista juntar os reinos católicos de Inglaterra e Espanha. Eles casam e durante poucos meses vivem juntos,  como príncipe e princesa,  mas uma doença cai sobre Arthur e o jovem morre,  deixando Katherine viúva com apenas 16 anos.

Sob o pretexto de que o seu primeiro casamento não teria sido consumado,  Katherine casa então com o novo herdeiro ao trono inglês,  Henry VIII,  o jovem poeta,  educado e sensível que se tornou,  mais tarde, famoso devido à sua tirania.

Apesar de essa história ter sido já mote para vários romances e séries televisivas (como "The Tudors" 2007),  "The Spanish Princess" foca-se nas origens de Katherine of Aragon e a sua determinação em se tornar Rainha de Inglaterra,  destino para o qual foi educada. 

Se do ponto de vista histórico tudo me parece ok, uma vez que não sou demasiado exigente com os factos históricos e percebo o porquê de serem por vezes sacrificados em nome de um guião mais apelativo, há algo nesta série que falha redondamente. E não é a produção,  não são os cenários nem a falta de factualidade.

Se as duas séries anteriores nos apresentaram personagens fortes e bem desenvolvidas do ponto de vista psicológico, capazes de enfrentar desafios e fazer sacrifícios em nome de um ideal maior,  muitas vezes questionável,  mas que deu sentido à sua existência e ações,  "The Spanish Princess" parece carecer de justificações mais profundas ou explicitas o suficiente para entendermos o sofrimento de Katherine e todos os que rodeiam a corte. Um desses fatores pode ser o de Espanha ser,  à data,  politicamente mais influente do que Inglaterra e,  ainda assim,  a princesa se sujeitar a maus tratos por parte da realeza inglesa ao invés de regressar a casa. Esta parte psicológica é pouco explorada,  dando apenas a sensação de que o faz por pura crença de que aquele é o seu lugar,  sem nunca ponderar outra hipótese,  de uma forma um pouco leviana face às dificuldades de integração que enfrenta. Ao mesmo tempo somos apresentados com pequenos romances das suas damas de companhia que mais lembram "Reign" (2013) do que as séries anteriores,  muito focadas realidade na política da época.
Por outro lado, a série recebe nota máxima no cuidado que teve com a representação do povo da alta classe espanhola,  chegado a Inglaterra,  o qual inclui várias pessoas de cor,  como  há registo que aconteceu,  devido às conquistas de Isabella I de Castilla aos mouros. 

Há algo que une as três produções e se torna um marco característicos delas. A história mostrada pelos olhos das mulheres que a viveram,  muitas vezes subjugadas a caprichos masculinos e sem grande poder de decisão. Nesse sentido,  e apesar de esta última não ser das minhas preferidas, mantenho-me expectante sobre como vão desenvolver a série "The Spanish Princess" que foi já renovada para uma segunda temporada.

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