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Last Of Us Remastared (2014)

"The Last Of Us Remastared" (2014) é totalmente impiedoso,  desolador e desprovido de qualquer sentido de esperança.

Há muito tempo que vinham insistindo comigo na necessidade de o jogar, porém toda a tensão inerente ao ambiente me travava cada vez que embarcava em sessões de jogo.


A história é em grande parte inspirada pelo livro vencedor do Pulitzer Prize for Fiction 2007,  "The Road",  de Cormac McCarthy. Apesar de não o ter lido,  vi o filme homónimo,  de John Hillcoat,  com a presença de Viggo Mortensen no papel principal. Foi,  até agora,  o melhor filme que detestei.
Ambas as obras conseguem fazer sentir o desespero e deserto de um mundo que não cria nada,  não produz nada,  onde não cresce nada e tudo o que resta é sobreviver com o que já existe e se torna cada vez mais escasso,  numa inevitável degradação da humanidade e tudo que a circunda. É incrível como,  incomodando ao ponto de não querer ver ou jogar mais,  se consegue ainda assim despertar a curiosidade que não deixa deixar a obra pela metade.  Foi assim que me senti com o filme "The Road" e foi assim que me senti com "Last of Us Remastered".

Agora concluído, vejo o porquê de valer a pena, porque o jogo é espetacular. Além dos gráficos,  das personagens e das mecânicas de jogo,  o storytelling é brutal.

A NaughtyDog fez um trabalho de excelência no equilíbrio entre narrativa e jogabilidade,  fazendo com que nos engajemos na jornada das personagens. 
O jogo original é já de 2013, ano em que foi lançado para a PS3 e ganhou todos os prémios que havia para ganhar. Mas nem por isso parece fora de data. Se entretanto houve um uso excessivo de narrativas pós apocalípticas que incluem vírus que tornam os seres humanos em zombies (ou os chamados clicadores, neste caso), como demonstram os mais recentes lançamentos "The Walking Dead: Final Season" ou "Days Gone" (SIE Bend Studio, 2019), "The Last Of Us" não tem dificuldade em fazer-se sobressair, apostando imenso nas implicações das relações humanas em cenários extremos.

Ver o desenvolvimento da relação de Ellie e Joel dá sentido a toda a aventura. A relação começa por ser fria e indesejada e acaba por se tornar em afeto puro. Começamos o jogo com Joel e vemos a terrível perda que sofre, passando todo o resto do jogo a colmatar essa ausência.

Se a partir de certo momento a pequena Ellie só tem Joel,  Joel só tem Ellie,  também.  Precisa por isso de a proteger. E se passamos grande parte do jogo a sobreviver por e para proteger Ellie,  estaríamos depois dispostos a sacrificá-la para salvar a humanidade?  É o dilema que se apresenta a Joel e ao qual ele não hesita em responder.

Além disso, o jogo dá tanta atenção ao conflito entre os protagonistas e os "clicadores" como ao conflito entre as várias facções humanas. Não são poucas as vezes que o combate contra os humanos se mostra mais desafiante do que contra os infectados, que permitem várias técnicas de stealth e distração.  No combate propriamente dito podem ser usadas várias armas de fogo, arco, facas, bombas, bastões e machados... mas as munições e a usabilidade das armas são escassas, o que obriga o um pensamento estratégico na hora de combater os inimigos.

Tudo isto é envolvido por uma belíssima banda sonora e ambientes que, apesar de tristes e abandonados, têm uma estética  de qualidade muito própria.

Entretanto aproxima-se a data de lançamento de "The Last of Us 2" cujo título conta já com trailer e trailer do gameplay:





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