Já com "Mil Tormentas" tinha ficado deslumbrada pelas histórias e ilustrações em aguarela de Tony Sandoval. Não foi preciso muito esforço para começar "Serpentes de Água", que confirmam o génio e criatividade do autor. O livro foi lançado pela a editora KingPinBooks em Fevereiro de 2014, mas só agora chegou às minhas mãos.
Mais uma uma vez os opostos chocam-se e atraem-se. Em "Mil Tormentas" Lisa foi "anjo e demónio"; em "Serpentes de Água" os opostos são Mila e Agnes, criaturas de universos distintos.
Lê-se na capa:
Lê-se na capa:
«Anda comigo! Agora somos animais! Eu sou uma raposa e tu és uma serpente de água com uma máscara de coelho!»
Estas duas raparigas encontram-se por acaso, numa tarde à beira rio, e embarcam numa sucessão de aventuras que obrigam ambas a lidar com universos a que não pertencem, num percurso de descoberta que nos apela e leva de volta à infância, ao crescimento e as dores que este acarreta.
Dentes guerreiros, polvos falantes, fantasmas, mortes e regressos... todos estes elementos se encontram num pequeno conto.
Desde a sua concepção física: Mila tem cabelos e olhos escuros/Agnes é loira e de dentes fascinantes; às suas personalidades: Mila é pragmática e realista/Agnes é imaginativa e está sempre a contar histórias, destes apostos não importa quem será real ou quem fala a verdade. O choque com o que nos é diferente e desconhecido e a maneira como lidamos com o mundo, a maneira como isso nos repudia mas nos fascina, nos faz crescer, mesmo que por vezes obrigue a encarar realidades que parecem absurdas, encontra-se ilustrado na relação destas duas raparigas.
Já em Mil Tormentas Tony Sandoval explora a descoberta da sexualidade feminina, a saída da infância, que se torna também central em "As serpentes de Água". O autor consegue explorar o tema através do sobrenatural, conciliando o onírico e o bizarro numa história delicada mas grotesca que vale de certo a pena ler.
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