Não sendo grande apreciadora da série televisiva, muito me descansou na hora de jogar ou não jogar saber que The Walking Dead, a série de jogos da Telltale, é adaptada da banda desenhada. Pode parecer insignificante, mas foi o suficiente para me cativar. Contra a série não tenho nada, a não ser que quando comecei a ver já tinham sido lançadas umas 6 temporadas e, mesmo eu tentado, tornou-se um bocado chato ao fim de poucos episódios. Mas a produtora já confirmou que Clementine, a sweetpie da saga de jogos, não entra na série.
O primeiro jogo foi lançado em 2012 pela Telltale e é um drama interativo, assustador e moralmente desafiante. Ao longo de cada episódio vamos tendo de fazer várias escolhas, sendo que 5 delas têm implicações fortes e definem o desenrolar da narrativa. A história foca-se nos personagens Lee e Clementine, um professor universitário condenado por homicídio e uma miúda cujos pais se encontravam ausentes durante o surto de walkers e por isso teve de sobreviver sozinha até Lee a encontrar numa casa na árvore. A relação dos dois é uma relação quase de pai e filha, sendo que toda a estratégia de sobrevivência de Lee se gere em função de proteger Clem. Toda a estética visual é banda desenhada: cores saturadas e contornos pretos fortes.
Durante toda a narrativa vamos tendo parte na construção da relação destes dois, enquanto a rapariga tenta encontrar os seus pais, na esperança que ainda estejam vivos, Lee tenta sobreviver ao apocalipse zombie e proteger Clem, substituindo os pais ausentes. Ao mesmo tempo somos confrontados com grandes questões morais e práticas de sobrevivência em grupo, lutando sempre entre os extremos da sociabilidade humana e do safe-se quem puder.
Entre temporadas foi posteriormente adicionado um episódio extra "400 Dias" que faz a ponte entre o momento em que acabou a primeira temporada e a segunda, uma vez que se nota um salto temporal grande, nomeadamente no crescimento de Clementine, que é a personagem principal e com quem se joga na segunda temporada. "400 Dias" introduz grande parte dos non-playable characters da segunda temporada, dá um background e apresenta-os.
Se há algo que estas duas histórias articulam bem é o facto de passarmos um primeiro momento na pele de Lee a proteger uma rapariga indefesa, a criar uma relação afetiva com ela, a vê-la crescer, e depois entramos na pele dela, uma criança, mas crescida, madura, desenrascada e com instintos de sobrevivência. Durante a 2ª temporada Clem luta para para se encaixar em vários grupos de sobreviventes, à medida que vai conhecendo novas pessoas e reencontrando outras. Uma coisa é certa: pede-se muito de uma miúda pequena, mas apesar do medo, ela não se deixa ficar.
Uma vez Clementine, para sempre Clementine. A 3ª temporada foi lançada em dezembro de 2016 e a 4ª está prevista para 2018.
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