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Memórias do Boom Festival 2018

Bem acredito que palavras só não traduzam fielmente a experiência. Mas, agora, de regresso a casa, muito há que contar sobre uma semana passada nas margens da lagoa de Idanha-a-Nova,  na herdade a que se chama Boomland.

Poucos são os festivais que se comparam na diversidade de áreas culturais e de entretenimento que o Boom Festival apresenta,  sendo que em Portugal não há nenhum que lhe sirva de comparação.  Apesar de existirem organizações de eventos imensamente competentes nas suas áreas,  no que diz respeito à cultura psicadélica e ao sentido de comunidade, o Boom é único. Este ano a celebração foi em honra à Sagrada Geometria, presente em toda natureza.


Nos 7 dias de festival estiveram presentes pessoas de 147  nacionalidades diferentes fazendo com que,  mesmo em solo nacional,  a língua inglesa predomine,  sob o moto de "Love Has No Flag".

Outro moto muito presente foi o de "Unplug to Connect" encorajando todos a deixar os ecrãs um pouco de lado e tentar uma interação de mais carne e osso.  Sob esse pressuposto não houve este ano a aplicação móvel do ano passado,  que permitia a organização dos horários.  Porém, estes foram disponibilizados em abundância nas oferecidas edições do jornal em papel do festival.


Com uma programação extensissíma e impossível de ser experienciada na íntegra,  tento aqui deixar um pouco daquilo que vi,  ouvi e com que interagi.

Desde logo e devido à dicotomia mencionada da interação tecnológica vs. orgânica,  saliento a instalação da experiência VR no museu MOVA,  intitulada "Microdose VR" e que já marcou também presença em eventos como a E3 e o Burning Man. Trata-se de uma experiência de realidade virtual que combina arte, música,  jogabilidade e dança,  enquadrando-se perfeitamente no ambiente do festival.  Com os óculos VR e dois comandos assumimos o controlo da câmara em primeira pessoa, num espaço virtual psicadélico enquanto nos é permitido criar formas com elementos gráficos diversos e em movimento. Além disso muitas impressões e desenhos de pinturas de alta qualidade.

Microdose VR

Impressão de alta qualidade da pintura "GAIA"

A nível de concertos saliento o concerto de abertura do Dance Temple,  Prem Joshua.  No Sacred Fire,  Black Bombaim e Cosmic Dead, e no Chill Out,  Sensible Soccers. Ainda no Dance Temple, foram os sets de Perfect Stranger e Atmos os que mais me fizeram dançar. Com cerca de 20h de música diárias nas tendas de música eletrónica tenho a certeza de que outros houve de grande qualidade mas não foi onde investi a maior parte do meu tempo, apesar de o que lá passei ter sido muito agradável. 

Na verdade, apanhar sol e tomar banho na lagoa consegue só por si ser bastante gratificante.

No Being Fields,  as aulas de Aerial Yoga com a Jaya Yoga Team foram de totalmente indispensáveis para quem se encontrou a dormir em terrenos irregulares, conseguindo assim prolongar a sensação de bem estar.



Na Liminal Village gostei da talks "Psicadelic Stories: Storytelling From Beyond" em que vários convidados expuseram histórias sob efeitos de alucinogénos, sendo que penso que a veracidade das mesmas não fossem um requisito. Mas em especial cativou-me a palestra dedicada ao 75º aniversário da criação do LSD e ao cientista Albert Hoffman, que conseguiu de forma mais abrangente explicar e mostrar a sua personalidade e vida.


Além do mencionado muitos outros foram os pontos de interesse, ora por espetáculos proporcionados pela organização ou por meros visitantes que, com a sua criatividade, seja em artes circenses, massagens, artesanato, música ou outra qualquer arte dão vida aos recantos do festival. 

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