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On Writing de Stephen King (2000)

"On Writing", de Stephen King, é um livro curto e conciso. Surgiu da necessidade do autor partilhar alguns dos seus conhecimentos sobre o trabalho de escritor propriamente dito, a escrita, e de dar vários conselhos a quem se interessa pela atividade.

Stephen King é um dos autores mais prolíferos da atualidade, tendo na sua carreira já publicado mais de 60 livros, 200 short stories e 6 trabalhos de não ficção. Além disso, os seus trabalhos já foram adaptados para o cinema e televisão em mais de 60 produções. Obviamente que umas são mais memoráveis do que outras. Entre as melhores estarão "The Shinning" (1980) realizado por Stanley Kubrick, "The Shawshank Redemption" (1994), "The Green Mile" (1999) e "The Mist" (2007) realizados por Frank Darabont e "It" (2017) realizado por Andy Muschietti, entre muitos outros. Apesar de nunca ter entrado pela obra literária do autor, vi muitos dos filmes a que deram forma. Curiosamente, o único livro que até hoje li dele foi  de não ficção e é o que se encontra agora em análise.
Em "On Writing" King começa pelo capítulo "CV", em que nos dá a conhecer algumas das suas memórias de infância e juventude. Não são memórias escolhidas ao acaso, mas sim aquelas que o autor reconhece como terem tido grande influência no seu percurso e o tornaram na pessoa e escritor que hoje é. Esta parte do livro tem um registo autobiográfico e dá-nos a conhecer alguns momentos da sua infância e percurso. King desde cedo começou a submeter histórias para revistas e a ser rejeitado mas nunca viu a rejeição como algo negativo, colecionando as cartas de rejeição que recebia como triunfos. Chegava mesmo a pendurá-las perto da sua secretária, para o lembrar dos aspetos que tinha de melhorar.  King frisa a importância dessa atitude de aceitação da rejeição e saber torná-la numa vantagem.

Outro aspecto que é constantemente chamado à atenção pelo autor é o de que não existem escritores sem leitura. Alguém que não goste de ler histórias não tem as ferramentas necessárias para escrever histórias. Por isso mesmo, ler é o centro criativo de qualquer escritor. King lê cerca de 70 a 80 livros por ano. E diz que não o faz por estudo. Fá-lo por gosto. Aproveita todos os momentos para o fazer, chegando até a dizer que um leitor tem de aprender a ler em pequenos e grandes "goles". Os momentos de espera que preenchem o nosso quotidiano são perfeitos para o fazer. Seja na sala de espera do dentista ou em qualquer outra situação. Apesar de o fazer porque gosta, ler aumenta imenso as suas capacidades de escrita.

Chegamos então a outra parte do livro, a "Toolbox" ou "Caixa de Ferramentas". Neste capítulo, King enuncia vários conhecimentos que um escritor tem de dominar. A mais comum é o vocabulário e logo de seguida, a gramática. O vocabulário deve ser rico e prático. O escritor deve escrever como pensa sob pena de soar a falso. Deve também usar, sempre que possível, verbos ativos em vez de passivos. Os advérbios são para esquecer, é para matá-los as todos.

Além disso, sempre que possível, King aconselha a escrever-se sobre o que se conhece. Quando esse não for o caso, pesquisa é a palavra de ordem obrigatória. Mas é preciso ter cuidado para não tornar o texto num aglomerado de informações. A informação está para servir a história, que vem sempre em primeiro lugar.

Sobre a inspiração, King avisa que as "musas existem", não são é uns seres que aparecem de surpresa quando menos estamos à espera. A inspiração aparece, mas é depois de muito trabalho e dedicação. É preciso sentar e fazer, constantemente. Se se persistir, criando as condições necessárias, eventualmente ela há de aparecer.

Em forma de conclusão deixo uma passagem da parte final do livro:

“Writing isn’t about making money, getting famous, getting dates, getting laid, or making friends. In the end, it’s about enriching the lives of those who will read your work, and enriching your own life, as well. It’s about getting up, getting well, and getting over. Getting happy, okay? Getting happy. Some of this book— perhaps too much— has been about how I learned to do it. Much of it has been about how you can do it better. The rest of it— and perhaps the best of it— is a permission slip: you can, you should, and if you’re brave enough to start, you will. Writing is magic, as much the water of life as any other creative art. The water is free. So drink. Drink and be filled up.” 

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